quarta-feira, 25 de julho de 2012

A Fé dos Jovens


Como entender a fé que têm hoje os jovens e o modo como estes a praticam? Será mesmo que os jovens têm fé? Se têm, como a vivem? Perguntas desafiadoras e que talvez não encontrem respostas imediatas. Há casos em que o jovem nunca teve fé. Outros em que, se tem fé, ele a manifesta a sua maneira. Não se pode excluir ainda a hipótese da perda da fé por diversas circunstâncias que não convém  aqui enumerá-las. Com a tecnologia invadindo tudo terá ainda sentido praticar uma espiritualidade? A fé não funciona como “touch screen”. 



É relação com aquilo que não se vê, não se toca. Mas se sente. E sentindo encontra maneiras de fazer essas mesmas coisas, ver Deus, mas no próximo, tocar em Deus, pelos sinais, etc.
Antes de uma reflexão, cabe também uma introspecção,  descobrindo assim em qual das hipóteses cada um se encontra.


Os jovens são o paradoxo de força e fragilidade, deterioração e beleza, agressividade e coragem, certeza e dúvida, e outras tantas dicotomias que permeiam a vida, o coração e a cabeça de quem vive o processo de ser humano no estágio jovem da vida. 


Ainda que em meio a isso tudo, na essência do coração da juventude existe uma sinceridade pela busca do que é bom, uma busca pela fé e prática do bem que é acertada, porém muitas vezes confusa. 


Como viver a fé se o mundo nos ensinou a trocá-la por aquilo que é palpável, testado, descartável? Não obstante o valor inestimável da fé, o falso prazer oferecido pela sociedade de consumo seduz facilmente, levando assim à troca do abstrato pelo concreto.


“Tenho fé, acredito em Deus, mas não vou à Igreja.”' Não poucas vezes escuta-se isso de quem vê na Igreja um obstáculo para o bom relacionamento com Deus. Ignoram as verdades de Deus reveladas à Igreja, não concordam com seus dogmas proclamados, etc. Ou seja, o jovem até tem fé, mas vive de maneira diferente, ao seu modo. Não gosto desse padre!


As fragilidades que toda instituição tem, incluindo a Igreja, não só a Católica, são facilmente usadas como desculpa para a vivência de uma fé pela metade. Se isso acontece, a fé está  baseando-se em Deus ou na figura do padre ou pastor que O representa? Essa situação precisa ser revista, acertada. Pessoas podem até nos afastar de Deus, mas é também por meio de muitas delas reunidas em assembleia (Igreja) que a aproximação com Deus e a vivência da fé podem ser praticadas e assim alcançar seu ponto máximo.


É comum e fácil  ao jovem dizer que não acredita em Deus, que não tem fé ou não pratica nenhuma religião. É comum porque, às vezes, parece estar na moda. Comum porque, com tanta coisa boa, acreditar em algo mais para que? 
Torna-se fácil porque assim justifica a sua ausência de compromisso, o seu 'dever' de cumprir leis, obedecer regras. Fácil porque se esquiva do testemunho a ser dado e do amor a ser amado em sua forma mais radical, como ensinou Jesus.


A fé não se limita a crer ou não crer. Não existe fé grande ou fé pequena. Existe fé, e ela pura e simplesmente não basta, apesar de ser um bom começo. Fé é compromisso com aquilo que se crê e com Aquele a quem se segue. Fé é também testemunho e não sentir vergonha disso. Ter fé é não ter vergonha de ser cristão. É dizer que vai à missa ou ao culto sem medo de soar como ultrapassado ou ridículo ante uma legião de amigos que pensa e pratica o contrário.


Ainda assim, há jovens com ausência plena da fé, da crença em Deus e da prática de alguma religião, mas que, se praticam o bem, vivem o amor, enquadram-se perfeitamente no pensamento traduzido pela máxima que diz que “há muitos ateus que são cristãos e não sabem e que muitas vezes são mais cristãos do que os cristãos de fato e de direito”.


Ter fé é o primeiro passo. Ao jovem, e a todos os cristãos, é pedido não somente a fé, mas o compromisso com o Reino e pessoa de Jesus, que também é Deus.  Ter fé é acreditar nas palavras de Cristo muito mais do que na forma como o padre ou pastor orientam seus fiéis na hora da celebração. 


Diante da reflexão sobre o deísmo da juventude, fica também a todos a reflexão para ver como está a  fé e dependendo de como ela se encontra, como harmonizá-la com Deus e com a Igreja que Ele quis deixar. A fé em Deus pode até preceder a fé numa instituição religiosa, mas ela não a prescinde nunca da fé e da prática da religião.


Deus acredita no jovem porque conhece o coração de cada um. Cabe ao coração do jovem, ainda que não conheça a si próprio, buscar o Divino com suas Verdades. Convém citar aqui um grande santo de nossos dias, o chileno Santo Alberto Hurtado, que dizia: “somos um disparo à eternidade. Antes de mim, a eternidade, depois de mim, a eternidade”. O jovem é hoje, portanto, convidado a ser isso, com sua fé ou a busca por ela. Todos são convidados a se lançar em direção ao Eterno. Jesus já fez o convite. Ele está batendo à porta. Vai abrir? Afinal, já cantava Gilberto Gil: “Andá com fé eu vou Que a fé não costuma faiá.”

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