segunda-feira, 20 de junho de 2011

Querer e agir conforme Deus

Retomamos na Liturgia o “tempo comum”. Para a Igreja e para os cristãos, é o tempo da evangelização, da vivência cristã no dia-a-dia e do testemunho da fé à luz do Mistério Pascal celebrado e com o vigor dos dons da salvação recebidos. É o tempo da perseverança e dos frutos da fé,  da esperança e da caridade.
A vida cristã pode ser definida como “seguimento de Cristo”; é estar a caminho com Jesus Cristo, pela vida afora (“eu estarei sempre com vocês...”), deixando-se atrair sempre mais por ele, aprendendo dele e tentando praticar o que dele aprendemos. Não vamos sozinhos, mas conosco seguem, no mesmo caminho, tantos outros irmãos, também discípulos do Senhor e membros da Igreja, que nos apóiam e aos quais devemos apoiar; acompanham-nos os santos do céu com sua intercessão e seu exemplo de vida, dando-nos força e coragem para perseverar e seguir em frente.
Viver “na Igreja” e sentir-se parte dela é essencial na vida cristã; caminhar sozinhos é muito difícil e desaconselhável; vamos com os irmãos, na Igreja, comunidade de fé, na comunhão dos santos. Ninguém é filho de Deus sozinho, nem discípulo solitário do Senhor... Por isso, a vida cristã requer a participação nos atos de vida comunitária, como a santa Missa dominical, as outras celebrações da Igreja e os sacramentos. Em tempos de afirmação crescente do individualismo, é necessário cultivar intensamente a dimensão comunitária da fé e da vida cristã. Precisamos aprender novamente a valorizar o Domingo, dia do Senhor ressuscitado no meio de nós; a Missa dominical é fundamental para a vivência cristã.
Ao lado da Eucaristia, é necessário alimentar-nos constantemente na Palavra de Deus, se não queremos esmorecer na fé; a Palavra, lida, ouvida e acolhida com fé eclesial, faz-nos crescer na compreensão das coisas de Deus e de sua santa vontade. Somos discípulos e, por isso mesmo, somos sempre ouvintes da Palavra; ela nos dá a direção a seguir na vida, é luz para o caminho; ela nos dá a verdadeira sabedoria de Deus. A Igreja recomenda a todos a leitura assídua e orante da Sagrada Escritura. Ao lado disso, o cristão adulto precisa conhecer bem a sua fé e, para isso, a leitura e o estudo do Catecismo da Igreja Católica é indispensável.
A vida cristã se traduz também na sintonia com a vontade de Deus; não seríamos pessoas de fé verdadeira, se não buscássemos conformar nossa vida com o desígnio de Deus. A forma mais simples e direta de sintonizar com a vontade de Deus é a observância dos mandamentos de Lei de Deus, que continuam sendo a referência moral universal para todas as pessoas. A observância dos mandamentos é completada pela vivência da bem-aventuranças e das obras de misericórdia.
Não poderia haver vida cristã sem oração pessoal, além da comunitária. A oração, compreendida acima de tudo como o colóquio filial com Deus, é expressão e exercício da nossa condição de “filhos de Deus”, como nos tornamos pelo Batismo, e mantém viva e constante nossa comunhão com Deus. Esta comunhão com Deus, de fato, é a vida nova que nos foi dada pelo Batismo e constitui a grande graça decorrente da nossa adesão de fé a Jesus Cristo: tornamo-nos “filhos no Filho” e podemos dirigir-nos a Deus familiarmente, como fazem os filhos com seu pai, com toda simplicidade e liberdade.
Mas a vida cristã não seria completa se faltasse a caridade fraterna, vivida de muitas maneiras. O amor ao próximo decorre do nosso amor a Deus e está intimamente ligado a ele; os filhos de Deus são irmãos entre si e devem tecer relações respeitosas, justas e fraternas no convívio social. A caridade deve ser pessoal e também organizada, como expressão da caridade da Igreja. A caridade organizada, como acontece nas obras sociais, cria oportunidades para que muitas pessoas possam aderir a tais iniciativas,
É bem iluminadora a oração do 11º Domingo do Tempo Comum, que é retomado na semana após Pentecostes. “Como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro de vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos”. De fato, Jesus disse: “sem mim, nada podeis”; e na solenidade de Pentecostes nós cantamos “sem a vossa ajuda, nada o homem pode, nada existe nele de bom”.
É o Espírito Santo que nos capacita para toda obra boa. Ele é que nos torna capazes de “querer e agir conforme Deus”. Viver como bons cristãos significa, portanto, deixar-se iluminar, inspirar e conduzir pelo Espírito de Cristo. A ele nos confiemos todos os dias!

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