sábado, 10 de setembro de 2011

ESTA É A JUVENTUDE DO PAPA


Teu povo será o meu povo, e o teu Deus será o meu Deus!» (Rt, 1,16). Esta foi também a convicção que me penetrou o coração durante a Jornada Mundial da Juventude, realizada em Madri, de 16 a 21 de agosto.
Tive a graça de participar de várias manifestações ocorridas naqueles dias, ao lado de centenas de outros bispos, milhares de sacerdotes e religiosos e quase dois milhões de jovens. Apesar de me encontrar na Espanha, senti-me sempre em casa: a multidão que aclamava e se emocionava me garantia que, em toda a parte, há um povo amado e formado por Deus, independente da raça e do país de origem.
Acalentado pela alegria e pela comunhão que se percebia em toda a parte, o Papa Bento XVI não hesitou em descortinar perspectivas desafiadoras aos jovens, desde o seu primeiro encontro com eles, na Praça Cibeles, no dia 18: «Em Cristo, conseguimos o que buscamos e, nele radicados, damos asas à liberdade. Não é esta a razão de nossa alegria? Não é esta a rocha firme onde construir a civilização do amor e da vida, capaz de humanizar o homem? Esta é a sabedoria que deve guiar os nossos passos! Então seremos felizes e a nossa alegria contagiará os demais!».
No sábado à noite, dia 20, o encontro foi no aeroporto de Cuatro Vientos, durante uma vigília de oração. A semana, assinalada por um calor intenso, acabou numa forte e súbita tempestade, que impediu o Papa de proferir o discurso que havia preparado. Quando o vento e a chuva diminuíram, ante um milhão e meio de jovens que não cansavam de cantar: “Esta é a juventude do Papa!”, Bento XVI respondeu: «Jovens, obrigado por vossa alegria e resistência! A vossa força é maior do que a chuva! Guardai a chama que Deus acendeu em vosso coração nesta noite: que nenhuma chuva a apague!».
O aeroporto de Cuatro Vientos, apesar de grande, não foi suficiente para acolher a multidão de jovens que se fez presente naquela noite e na manhã seguinte, durante a missa de conclusão do evento. 200.000 deles não conseguiram entrar... E o sol que os acompanhou durante a tarde do sábado foi tão forte, que 800 precisaram ser atendidos por desmaios e mal-estar causados pelo calor.
Na homilia que proferiu no domingo, dia 21, encerramento da Jornada, o Papa lembrou que a fé só se sustenta se houver compromisso e vivência comunitária: «Seguir a Jesus é caminhar na comunhão da Igreja. Sozinho, ninguém consegue aderir a Jesus. Quem cede à tentação de andar por aí por sua conta e risco ou de viver a fé segundo os parâmetros do individualismo que impera na sociedade, corre o risco de nunca se encontrar com Jesus ou de absolver uma imagem falsa dele».
No final da celebração, Bento XVI se deteve sobre a missão que cabe aos jovens na sociedade: «Desta amizade com Jesus, nascerá o impulso que vos deve levar a dar testemunho da fé nos mais diversos ambientes, sobretudo onde prevalecem a rejeição e a indiferença. Regressando aos vossos lares e ambientes, os amigos vos perguntarão o que mudou em vossa vida depois do encontro com o Papa e com centenas de milhares de outros jovens, do mundo inteiro. A resposta será um corajoso testemunho de vida cristã diante de todos. Assim, sereis fermento de novos cristãos e fareis a Igreja se levantar vigorosa no coração de muita gente».
O clima de esperança que caracterizou a Jornada Mundial da Juventude de Madri tinha a sua origem em pessoas não apenas “indignadas” – para usar um termo em voga naqueles dias na Espanha, ainda que referido a pessoas de ideias e comportamentos diferentes – com a “insalubridade” fomentada por uma sociedade que se distancia dos valores evangélicos, mas, sobretudo, em corações prontos a dar a vida por um ideal que valha a pena buscar. Na opinião de quem coordenou a cobertura da visita papal, o que impressionou os 4.700 repórteres presentes na Jornada foi «a atitude tomada pelos jovens não somente diante das dificuldades da chuva e do sol, mas também diante das manifestações contrárias. Os jornalistas ficaram impactados pela festa que reinava nas ruas, pelo civismo, pela correção, pela ausência de incidentes e pela atitude positiva de quem não conseguiu entrar em Cuatro Vientos pela falta de espaço.
                                                                                                             

Dom Redovino Rizzardo, cs

Bispo de Dourados - MS

                                                                                                                  

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